Fake News e seus
impactos na sociedade contemporânea
Eduardo Costa, Ester Alakija, Rebeca
Dantas, Tainá Silva, Tifany Barboza, Vanessa Carvalho e Viviane Santos.
RESUMO
Uma terceira Revolução Industrial está fluindo diante dos
nossos olhos, trata-se da Era digital. Com a polarização da internet e das
tecnologias de comunicação, criou-se um espaço onde ocorre a fluidez rápida e
constante de informações, contudo neste mesmo cenário, as fake news encontraram
um palco para atuar e propagar-se de modo viral, de tal modo, que passamos a
tipificar a prática do compartilhamento de notícias falsas, só notando sua
seriedade ao nos deparamos com suas consequências irremediáveis: são mentiras
que matam, roubam e comprometem negativamente toda a humanidade. O presente
trabalho é uma pesquisa de caráter bibliográfico, que visa analisar os impactos
desencadeados pelas factoides e executar uma busca por meios efetivos de
enfrentar este problema.
Palavras-chave: Fake News, Sociedade, Comunicação e
Senso crítico.
ABSTRATC
A third Industrial Revolution is flowing before our eyes,
this is the digital age. With the polarization of the internet and
communication technologies, a space has been created where the rapid and
constant flow of information occurs, but in this same scenario, fake news has
found a stage to act and propagate in such a viral way. Which we come to typify
the practice of sharing false news, only noting its seriousness when we face
its irremediable consequences: they are lies that kill, steal and negatively compromise
all humanity. The bibliographic research method was used to analyze the
physical impacts by factoids and to perform a search for effective ways to deal
with this problem.
Keywords: Fake News, Society, Communication and Critical
Sense.
Como reflexo da necessidade humana de comunicar-se e
interagir socialmente, iniciou-se a milênios de anos atrás a formação de grupos
sociais. Isto posto, com o advento da internet, desenvolveram-se as condições
necessárias para a formação de uma sociedade em rede, esboçadas, citando como
exemplo, na criação do Facebook, Twitter e Whatsapp.
As redes sociais são palcos onde há a livre expressão, e
pode-se criar, compartilhar e receber qualquer informação. No entanto, essa
troca está sujeita a falhas, visto que quem as transmite pode ser influenciado
pela sua própria compreensão da realidade, que em muitas ocasiões são falhas,
ou até mesmo pela aspiração de alterar a percepção que o outro tem do mundo por
intermédio de mentiras.
Nesse contexto, surgem as fake news, que podem ser veiculados
por qualquer difusor de informações, mas que na internet, encontraram terreno
fértil para difundir-se de modo rápido e viral. Assim, em um clique, dezenas e
até mesmo centenas de pessoas podem ter acesso a um conteúdo de caráter duvidoso.
Segundo a ONU 51,2% da população mundial tem acesso à
internet, e destas, 86% de acordo com um estudo feito pela Ipsos, afirmam já
terem acreditado em notícias falsas. O fenômeno dos factoides está cada vez
mais ativo a e os seus impactos na vida da população cada vez mais visíveis, os
quais variam conforme a sociedade, cultura e política de cada região, mas que,
no entanto, possuem consequências reais em qualquer grupo social.
A partir disso, surge o questionamento sobre a proporção que
a veiculação de notícias falsas sem a checagem dos fatos e fontes pode
ocasionar. Nesse cenário, o presente trabalho aborda o tema, fake news, com
enfoque nos seus impactos na sociedade contemporânea.
O trabalho objetivou analisar as consequências das factoides
na comunidade brasileira, que segundo dados de uma pesquisa divulgada pelo
Instituto Ipsos, é a nação que mais acredita em notícias falsas no mundo.
Buscou-se ainda explicar o processo psicológico por trás do ato de acreditar nas
fake news; diferencia-las de cyberbullying e pós-verdades; e principalmente,
desenvolver uma solução efetiva para o problema.
1- CONCEITO DE FAKE
NEWS
Segundo o dicionário Merriam Webster a expressão Fake News,
traduzida para o português como notícias falsas é utilizada desde o século XIX,
na época para caracterizar boatos de grande circulação. No entanto, apesar do
termo antigo, o fenômeno das Fake News é recente, datado do século XXI e
caracterizado pela exploração das tecnologias e redes sociais (e.g.:
Facebook/2004; Twitter/2006; Whatsapp/2009) para a disseminação de falsas
informações que são publicadas como se fossem reais, objetivando legitimar um
ponto de vista ou prejudicar uma pessoa, ou grupo.
Sobre as fake news Eugênio Bucci, professor titular da
Universidade de São Paulo na Escola de Comunicação e Artes, em entrevista ao
jornal “O Povo”, afirma:
"A fake news não é apenas
uma notícia falsa, pois notícias falsas aparecem também na imprensa
convencional, desde que ela existe. (...) Nós estamos diante de um fenômeno
diferente, que poderia ser traduzido em português, com mais precisão, como
sugere o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, como notícia fraudulenta.
(...). Isso quer dizer que a expressão fake news designa uma notícia fabricada
com má intenção, que se vale do aspecto de uma notícia jornalística com o propósito
de enganar o público”.
1.1- FATORES PSICOLÓGICOS POR TRÁS DA CRENÇA EM FAKE NEWS
Estudos feitos por pesquisadores do Instituto de Tecnologias
de Massachusetts, em Cambridge, utilizando como referência a rede social
Twitter para analisar quais informações apresentam maior alcance, constatou que
as factoides espalham-se de modo muito mais exacerbado que notícias
verdadeiras. E isso deve-se a um mecanismo psicológico por trás dos apelativos
conteúdos. A convenção anual da Associação Americana de Psicologia, aponta o
"Viés de confirmação” como a principal razão por trás da fé em inverdades.
Tratar-se-ia de uma tendência a ignorar informações que desafiem crenças
preexistentes, e a aceitar as que as confirmam.
Assim ao deparar-se com a abundância de informações presentas
na internet, o leitor não seria capaz de determinar qual notícia seria real ou
não, gerando um problema. Sobre isso, o historiador Leandro Karnal observou:
“A internet esgarçou e
capitalizou a capacidade de acesso à informação. O lado positivo disso é que
mais pessoas têm acesso à informação. O lado negativo disso é que mais pessoas
têm acesso à informação”.
Isto é, embora seja benéfico à amplitude do alcance das
informações, isso também possibilita com que mais pessoas desprovidas de senso
crítico tenham acesso à mesma. Logo, a falta de senso crítico aliada ao viés de
confirmação faz com que o leitor fique vulnerável a racionalizar em conjunto
com a falsidade da factoide, facilitando a propagação de informações falsas e
enganosas.
1.2- A DIFERENÇA ENTRE FAKE NEWS, CYBERBULLYING E
PÓS-VERDADES.
Frequentemente o termo Fake News é utilizado para referir-se
a qualquer espécie de conteúdo falso ou forma de abuso veiculado na internet.
Contudo, é preciso definir que apesar de todos atuarem em território digital,
existem inúmeras espécies de informações falsas que não necessariamente
tratam-se de factoides, como o caso da pós-verdade e do cyberbullying.
Primeiramente, para divergi-los, devemos enumerar o conceito
de cada um. As fake news tratam-se da divulgação de notícias fraudulentas,
baseadas em informações ilegítimas e não condizentes com a realidade, motivadas
pelo objetivo de causar comoção sobre determinado assunto através da
manipulação do público. As pós-verdades, tratam-se da aceitação por parte do
público de uma informação baseada em razões pessoais, sejam preferencias
políticas, crenças religiosas, bagagem cultural, entre outros. O cyberbullying,
também chamado de assédio virtual, é a prática de comportamentos visando
hostilizar, difamar e insultar uma pessoa.
Tendo isto definido, pode-se agora listar os contrastes entre
elas. Na relação fake news vs. pós-verdades tem-se inicialmente uma diferença
entre os agentes de cada fenômeno. No primeiro, a ação parte do agente
manipulador que gera a falsa notícia e no segundo da massa manipulada, que
acredita em uma informação sem averiguá-la. Segundamente, as pós-verdades não
se tratam necessariamente de uma mentira, tendo em vista que a informação não
averiguada pode ser real, mas em uma negligência com a verdade, diferindo-se
das fake news, que possuem como matéria-prima as inverdades. É importante
destacar que apesar das diferenças, ambas podem estar conectadas, pois, as
factoides podem perfeitamente dar origem uma pós-verdade. Citando como exemplo,
o movimento antivacina, que é uma pós-verdade, mas que foi originado e
disseminado por notícias falsas.
As fake news e o cyberbullying, divergem especialmente no
alvo, enquanto nas fake news é mais generalizado, visando atingir um grupo ou
assunto, no cyberbullying o é uma pessoa específica. Ao contrário da primeira,
este não necessariamente trata-se de uma mentira disseminada sobre a vítima,
pois pode vir sob a forma de intimidação através de insultos, compartilhamento
de imagens ou historias constrangedoras…
2- OS IMPACTOS DAS FAKE
NEWS.
Subvertendo o processo de criação de Isaac Newton, pode-se
aplicar sua terceira lei na esfera social: toda ação, gera uma reação.
Definindo que nesse contexto, a ação é referente ao compartilhamento das fake news,
e a reação, aos impactos consequenciais produzidos por estas.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE, 116 milhões
de brasileiros acima de 10 anos tem acesso à internet e destes, 72% utilizam as
redes sociais como sua principal fonte de notícias, as quais são os centrais
veículos de disseminação dos factoides. Proporcionando, a probabilidade de mais
pessoas serem atingidas pelas falsas notícias e por consequência, ocorrer um
aumento da amplitude dos prejuízos gerados pelo problema, que se fundamenta
essencialmente na propagação da desinformação na sociedade.
Entretanto, os transtornos não se limitam a isso, pois a
desinformação quando somada a sentimentos como o medo e a ansiedade, podem
tomar proporções gigantescas. Tornando assim, as fake news, um problema de
ordem social, uma vez que afeta diretamente a vida de indivíduos e produz
situações dignas de atenção.
No ano de 2014, após publicações em uma página no Facebook,
que alertava a população sobre uma feiticeira que sequestrava crianças para
realizar rituais, uma mãe casada de 33 anos, foi sequestrada e linchada por
dezenas de pessoas na cidade do Guarujá, no estado de São Paulo. A vítima
morreu dois dias depois e segundo a polícia, não havia nenhum caso de sequestro
na cidade, não passando de uma factoide que se enquadra concretamente num caso
de ameaça a segurança pública.
Ao promoverem ignorância, as falsas notícias podem também ser
um risco à saúde da população. No ano de 2018, após um surto da febre-amarela,
as fake news foram usadas como instrumento para alastrar a pós-verdade de que a
vacina contra a doença poderia provocar o autismo e elevar os riscos de
contrair meningite. De 1º de julho de 2017 até 28 de fevereiro de 2018,
registraram-se no Brasil, 723 casos da doença, com 237 óbitos, as quais segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), poderiam ter sido evitadas de modo eficaz
com a vacinação.
São estes, casos em que mentiras transmitidas sob a figura de
fake news assumiram consequências graves e que infelizmente não estão
restringidas a apenas estes eventos. Podendo caracterizar as fake news como um
problema violento e que carece de soluções instantâneas.
2.1- SOLUÇÃO
O processo de disseminação das fake news é composta por um
circuito, que se principia no agente manipulador, segue para a notícia falsa e
finda na massa manipulada. Para combate-lo é preciso invalidar esse ciclo e
para tal, é obrigatório a utilização de armas figurativas, entre elas, as leis
e as tecnologias.
Inicialmente, faz-se necessária a proibição da transmissão de
factoides, sob a ameaça de punição, em soma com o auxílio das tecnologias, que
deve reduzir o alcance dos compartilhamentos e promover facilitadores para que
os usuários denunciem ou identifiquem conteúdos falsos. O qual, foi o caso de
redes sociais como o Facebook que passou a atuar de maneira protetiva, checando
as informações, excluindo perfis que dentro dos padrões da empresa possam ser
considerados instrumentos de divulgação de fake news, e criando um robô que
reponde as denúncias dos usuários. Como o Whatsapp que limitou a quantidade de
encaminhamentos de mensagens e firmou uma parceria com uma agência de checagem
de notícias, utilizando inteligência artificial para eliminar factoides das
redes de comunicação.
No entanto, apesar dessas abordagens serem proveitosas, elas
possuem suas limitações. Não valendo o quão grandemente melhoremos as leis para
prendermos os agentes manipuladores ou aprimoremos as tecnologias para deletar
as fake news, pois estes, sempre encontrarão meios de adaptar-se e resistir.
Deste modo, a solução definitiva seria combater a massa
manipulada. Julgando que, só existe alguém fabricando fake news por existir
quem acredite, assim, se ninguém ou um número escasso de pessoas acreditarem, o
interesse em fabrica-las declinaria. Por fim, a solução procederia da educação.
A resolução consistiria em executar uma revisão na educação
tradicional. Acrescentaria-se a disciplina de alfabetização digital, para que
as pessoas saibam como comportar-se no território online. Incorporada a um
ensino que não torne os educandos repetidores de informação, mas pensadores
críticos, que sejam aptos a notar se um conteúdo é duvidoso e de buscar dados
de maior qualidade para fundamentar sua opinião.
Para tal reforma, a figura do professor seria a mais
importante, visualizando que este é o principal responsável pelo ensino sobre a
vida e a sociedade. Destarte, faz-se necessário o estímulo por parte desses aos
alunos, através de atividades estudantis que propiciem a investigação e o
exercício do senso crítico. Como igualmente, a iniciativa dos próprios alunos,
que devem abandonar o comodismo de acolher uma informação e assumi-la como
legítima sem verificar sua veracidade.
3- CONCLUSÃO
Nos últimos tempos, as fake news tornaram-se um assunto
recorrente, no entanto, apesar de nos depararmos com o tema constantemente,
nota-se uma normalização do assunto tratando-lhe com certa irrelevância. Tendo
em vista os aspectos observados durante a elaboração do trabalho, pudemos
analisar e concluir que a fake news é um problema real e de ordem social, pois
afeta diretamente a vida da população. Assim, concluímos que ao contrário do
pensamento comum, as factoides necessitam de uma solução urgente, pois não
permanecem exclusivamente no território online, julgando que suas consequências
ultrapassam as barreiras da tela de um aparelho tecnológico e influenciam
vidas.
A partir daí, identificamos que a sustentação do fenômeno das
fake news está localizado principalmente na ausência de senso crítico e nos perguntamos
por qual razão, uma geração que possui acesso à educação gratuita, diversos
conteúdos didáticos e a uma tecnologia que nos coloca a frente de qualquer
geração anterior é vítima das fake news? Apesar de não conseguirmos enumerar
justificativas, sabemos que independentemente da razão, podemos encontrar a
resolução para tal, na educação. A qual nos prostramos, pois, está sempre se
manifestando como um recurso para eliminar a maioria dos problemas presentes na
nossa sociedade, inclusive os das fake news.
Diante disso, resta aos homens, injetar no cerne do problema
doses de uma ensino que crie intelectuais. Apenas assim, solucionaremos o
fenômeno mais atual e banal já enfrentado, e ao mesmo tempo, caminharemos para
uma revolução na humanidade, que sem dúvidas virá através da educação.
4- REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, Lorraine Vilela. "O que são Fake News?";
Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-news.htm. Acesso em
17 de novembro de 2019.
BUCCI, Eugênio, Confira íntegra da entrevista com Eugênio
Bucci. Jornal O Povo. Fortaleza. Disponível em:<https://www.opovo.com.br/jornal/dom/2018/01/confira-integra-da-Notícias-entrevista-com-eugenio-bucci.html>.
Acesso em 17 de novembro de 2019.